VEJO SINAIS DE STRESS EM MINHA EQUIPE. A SAÚDE E SEUS RESULTADOS CAEM A CADA DIA. O QUE POSSO FAZER COMO LÍDER?

22/03/2021

2020 e 2021 serão lembrados por todos como os anos em que a economia global encolheu em taxas percentuais maiores desde a Crise de 1929, onde mais de 2,5 milhões de mortes causadas pela Covid-19 no mundo, onde fomos forçados a viver isolados, aprender a trabalhar remotamente, reaprender a passar longos tempos com familiares, sobrecarregados fisicamente e emocionalmente por vários motivos.

PARA MUITO ESTES ANOS DEVERIAM SER ESQUECIDOS.

Durante um seminário internacional SXSW- South by Southwest, Katharine Manning, especialista em treinamento e consultoria em questões traumáticas, afirmou que "O aumento de situações traumáticas, como estamos passando, afeta a todos: em casa, na comunidade e no trabalho, diminuindo a performance profissional e o engajamento em situações do dia a dia".

Para ela, os impactos sobre nosso engajamento e resultado são em função do que chamou "Institutional Betrayal", caracterizado pela quebra de confiança em uma determinada instituição.

Para exemplificar para os participantes ela deu o exemplo de uma universitária que sofre um tipo de abuso dentro do campus no qual estuda. Neste caso, o trauma será amplificado se ela não receber suporte emocional, pelo menos, da instituição, e se for julgada como culpada pelo ocorrido.

No caso das organizações podemos visualizar: Quando estamos lidando com um período de crise, buscamos apoio nas lideranças. E quando os líderes, no lugar de oferecer suporte para suas equipes, não dão informações consistentes ou criam regras que os fazem sentir em risco. Neste momento ocorre uma violação de confiança que pode durar muito além do momento da pandemia. Impactando pesadamente no engajamento e resultado da organização.

Mas a situação pode ser revertida com a "Segurança Psicológica", que é oferecer apoio e segurança. Quando um time se sente compreendido no ambiente de trabalho, ele é mais engajado, criativo e produtivo.

Mas como criar um ambiente produtivo onde a segurança psicológica possa acontecer, ser reconhecida e que seja replicada por todos? Manning lista cinco passos que podemos, sendo líderes ou não, seguir para termos um ambiente empático:

OUVIR é o primeiro. Muitas vezes em crises somos procurados por pessoas que estão passando momentos difíceis. Se você não puder fazer nada, apenas ouça de maneira aberta e apoiadora. Faça perguntas para mostrar que está interessado e incentive a pessoa a continuar falando. Repita o que foi dito para mostrar que você estava prestando atenção e se entendeu o que o outro está sentindo.

RECONHECIMENTO é o segundo. Ao ouvir o que uma pessoa está passando, evite a primeira reação de tentar encontrar uma solução imediata. Mas, na verdade, agradeça por ela ter se disponibilizado a compartilhar com você uma situação difícil. Evite discordar do que a pessoa disse ou que esteja sentindo. Lembre-se a emoção e sentimento é dela. Não devemos negar.

COMPARTILHAR é o terceiro passo. Em momentos de crise, uma das coisas mais difíceis e perturbadora é sentir que não temos controle de uma determinada situação. Então, para colocar o controle para uma pessoa, seja o mais transparente possível e, se não souber de alguma coisa, diga que não sabe, ou não tem como ajudá-la no momento.

EMPODERAMENTO é o quarto passo. Não assuma a batalha que é de cada um. Não assuma a posição ou responsabilidade de quem está na situação delicada. Mais do que ninguém, a pessoas com problema sabe do que precisa fazer para passar por aquela situação, então faça perguntas que a levem a refletir e sentir que pode agir para minimizar ou resolver o problema. Você já ajudará bastante sendo um "coach" neste momento.

Por fim, mas não menos importante o RETORNO. Depois de conversar com a pessoa, termine a conversa de um jeito amigável, agradeça a confiança depositada em você. Alguma semana depois, 5 ou 8, retome o assunto e pergunte como aquela situação está indo. Isso mostra que você realmente se importa.

Manning destacou que todo ouvinte sai transformado depois de saber sobre os traumas de alguém. Por isso, é fundamental entender em quais situações a ajuda é possível e aceitar quando não há nada que você possa fazer.

Pense como sua equipe pode estar se sentindo trabalhando na situação que estamos, promova encontros, podem ser online, para discutir este assunto. Abra espaços para que eles falem suas experiências. Se não se sentir capaz de liderar tal encontro convide um Líder sênior em que você confie e que acredite ter competências para mediar este encontro. Esta ação pode ser um passo importante para alinhar a equipe, experimentar a empatia e rumar para um ano onde possa ser possível ter sucesso e saúde para todos.

Se quiser conversar mais sobre este assunto entre contato.

Heraldo Conde - Diretor Executivo da CCM Management e Futuro Pleno. Master Coach, Hipnoterapeuta